O Seminário INFO – Twitter, Orkut e Flickr, realizado dia 21 de setembro, não cumpriu tudo o que havia prometido, ou seja, mostrar o impacto dessas novas mídias nos negócios: o Flickr, por exemplo, não foi praticamente mencionado e o Orkut foi tratado de forma apenas numérica. Esperamos que, num próximo seminário, sejam abordados o perfil e as características de cada mídia, com foco na qualidade. No entanto, os dez painéis de discussão conseguiram gerar um debate instigante. Algumas personalidades se destacaram, como os supertuiteiros Marcelo Tas, sempre inteligente em suas colocações, e Camila Menezes, jornalista e filha do técnico do Corínthians, Mano Menezes.
O diretor geral para o Google Brasil, Alex Dias, afirmou o que outros palestrantes também colocaram: “Se a sua empresa não integra uma rede social, saiba que os consumidores já falam dela por lá”. Essa é uma realidade à qual muitas empresas resistem e elas precisam acordar para a realidade. Os números por ele apresentados são astronômicos: 1,6 bilhões de pessoas já estão conectadas no planeta e a cada ano ingressam mais 300 milhões. O Orkut no mundo já conta com 60 milhões de perfis, sendo metade – pasme! – no Brasil. Mais extraordinários ainda são os números do Facebook, que conta hoje com 300 milhões de usuários no mundo, tendo aumentado em 100 milhões apenas nos últimos 5 meses. Os perfis do Facebook no Brasil somam ainda 1,3 milhões, números que porém aumentam enormemente a cada dia.
O sucesso dessas novas mídias está na interatividade e em permitir ao consumidor falar o que pensa. Mas todos os palestrantes colocaram que as empresas precisam ter estratégias inteligentes de comunicação com seus clientes e usuários, com base na criatividade voltada para a funcionalidade. Segundo Alex Dias, “a boa notícia é que ainda estamos no começo dessa onda”. Isso é uma vantagem também porque permite melhor monitoramento das ações. Mesmo assim, muitos blogs já influenciam bastante os padrões de consumo. E percebe-se claramente que toda a mídia está, aos poucos, migrando para o online. Um exemplo interessante é o percentual de pessoas que assiste aos telejornais das redes americanas. Em 1990 eram 30%, hoje apenas 16%, “roubados” pelo Youtube, outra mídia que cresce absurdamente. Hoje, um comercial de TV é apenas uma alavanca para a busca de mais informações, na maioria das vezes procuradas... na Internet. Em todo o mundo, o consumidor está cada vez mais exigente, uma característica que afeta todas as classes. Todas as novas mídias tendem a estar sempre mais presentes nos celulares, que, segundo uma pesquisa da China Mobile, 91% dos usuários costumam manter a menos de 1 metro de distância, as 24 horas do dia.
O depoimento de Camila Menezes, filha do técnico corintiano Mano Menezes e jornalista responsável pelo perfil dele no Twitter, foi marcado pela sinceridade e objetividade. Ela revela que seu trabalho foi bem planejado e que o Twitter foi escolhido por ser a ferramenta mais simples e direta de comunicação com os torcedores do time. O blog foi considerado inadequado e, quanto ao Orkut, todos os perfis de Mano Menezes são falsos...
Sem a ajuda de manobras como o Script para angariar seguidores e contando apenas com campanhas promocionais, em apenas quatro meses o perfil de Mano Menezes alcançou o primeiro lugar no Brasil, com mais de 900 mil seguidores. Recentemente, ele perdeu por Luciano Huck, o que não foi problema para Camila, pois sua meta não é o número de seguidores, mas um meio de comunicação direta de Mano com o torcedor. Ela brinca: “Graças a Deus, perdemos para um corintiano”. Um detalhe interessante é que, muitas vezes, a mídia convencional vai buscar notícias no próprio Twitter. Camila cita como exemplo o dia em que a televisão divulgou que Mano estava em sua sala “tomando chimarrão”, informação dada por ele de brincadeira no Twitter.
Um assunto muito importante tratado no seminário foi a questão do monitoramento de comunidades, que está em fase embrionária, mas exige muitos cuidados, pois as redes sociais são repletas de consumidores influenciando outros consumidores. O melhor caminho seria conhecer bem o perfil de cada seguidor, seus hábitos e contatos. Nesse aspecto, um texto pode ser lido por apenas dez pessoas, que porém são seguidas por dez mil... De preferência e dependendo de cada área empresarial, as mídias sociais não devem ser utilizadas para vender produtos, mas para divulgá-los ou promovê-los. É também preciso ter o cuidado de não “plantar” opiniões, como fez um sujeito que declarou em seu twitter que comeu um pão com uma certa margarina e por isso seu dia ficou mais feliz... Toda mentira tem perna curta e se for descoberta pelo usuário pode denegrir a marca.
Carlos Arthur Werner, diretor de marketing da Samsung, diz que as empresas devem experimentar as redes sociais até encontrar a “pepita de ouro”, que pode às vezes partir de uma sugestão dos consumidores para atualizar algum produto ou estratégia, por exemplo, fazer testes online antes de mudar um logo ou o visual de um produto.
Foi frisada também a importância da comunicação interna nas empresas, que deve ser regida pelo bom senso e acompanhada por constante orientação.
O Twitter foi a vedete do seminário, o que provocou também um alerta de Sérgio Gordilho, da agência África, e de outros palestrantes. Para eles, por exemplo, as empresas só devem ter perfil no Twitter se puderem ou estiverem dispostas a ter uma relação totalmente aberta e transparente com seus clientes. Os bancos, por exemplo, estão sujeitos a uma legislação severa e possuem informações confidenciais. Outras empresas, como as operadoras e todas as campeãs de reclamações, devem primeiro melhorar seu relacionamento com os clientes antes de se lançar nas mídias sociais, pois poderão ter muita dor de cabeça. Roberto Aloureiro, da Tecnisa, afirma que “é melhor ficar calado do que dizer besteira”. A partir do momento que a empresa gera um relacionamento, não adiantam respostas evasivas.
Os princípios mais frisados durante o seminário foram sinceridade, honestidade e transparência, aliás bem colocados por Marcelo Tas. No Twitter tudo vem à tona, seja o que as pessoas falam de bom ou de ruim. É necessário saber lidar com as informações e ter sinceridade, esclarecendo, por exemplo, que é impossível responder a todos dentro de um volume enorme de contatos. Marcelo mostra a enorme repercussão do Twitter ao dizer que quando ele surgiu virou notícia, mas hoje a notícia é as pessoas saírem no Twitter, como foi falado no Fantástico sobre um artista global.
Marcelo se preocupa com a liberdade de expressão nas redes sociais, liberdade que é natural nessas mídias, mas que vem sendo ameaçada mais ou menos veladamente por alguns políticos.
Todas as discussões do Seminário podem ser vistas no blog da INFO, inclusive os podcasts já estão disponíveis. Já pensou numa coisa dessas há uns dez anos?...
Fonte:
http://blog.araguarieventos.com.br/