segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Executivos virtuais

Empresas como Cisco e Procter adotam sistema holográfico para vencer a distância sem gastar com viagens

ROBERTA NAMOUR
EM 3D: em Bangalore, na Índia, o CEO John Chambers fala com os hologramas dos executivos do grupo de tecnologias emergentes, Marthin de Beer e Charles Stucki, que se encontravam na Califórnia, nos EUA

QUEM ACOMPANHOU A cobertura das eleições dos EUA pela CNN ficou de queixo caído quando o holograma de uma repórter apareceu, ao vivo, no estúdio. O telespectador que perdeu a explicação inicial do âncora do que se tratava poderia achar que estava vendo um desses filmes de ficção científica. A perfeição da imagem era tanta que ficou difícil acreditar que, na verdade, ela estava em Chicago, enquanto sua imagem tridimensional aparecia no estúdio, em Atlanta. Longe das câmeras, a novidade que pegou de surpresa milhares de pessoas, no entanto, já faz parte da rotina dos funcionários da Cisco há algum tempo. Há dois anos, a companhia desenvolveu o TelePresence System 3000, a partir de um software da inglesa Musion System - detentora da patente do efeito de holografia no mundo. Desde então, o uso desse sistema por seus principais executivos tem sido freqüente, para garantir que estejam presentes, mesmo que remotamente, em eventos. Foi o que aconteceu em São Paulo, em maio deste ano. Um imprevisto impediu que o CEO da empresa pudesse participar pessoalmente do Cisco Networkers 2008. Em contrapartida, a solução de telepresença levou o executivo ao palco sob a forma de holograma.

Apresentado por Pedro Ripper, presidente da Cisco Brasil, John Chambers apareceu no cenário, como num passe de mágica. Caminhando de um lado para o outro, o CEO fez sua apresentação como se estivesse frente a frente com o público. Ao final, desapareceu da mesma forma que uma imagem some ao desligar a televisão. O que se viu, na realidade, foi a projeção de Chambers, captada por câmeras de altíssima definição, em uma película praticamente invisível presa ao palco. "Ainda não existe no mundo uma tecnologia que possa criar uma imagem a partir do nada", explica Paulo Guarini, diretor da EyeMotion, difusora da holografia no País. Apesar de aparecer holograficamente, a presença virtual de Chambers não seria possível sem a projeção da imagem numa superfície. Um ano antes, o episódio do Brasil aconteceu na Índia. Naquela vez, Chambers apareceu conversando com o holograma de Marthin de Beer, vicepresidente para os mercados de tecnologias emergentes da Cisco. De Beer falava da Califórnia.

A Cisco realizou mais de 150 mil reuniões por telepresença, garantindo que mais de 27,4 mil viagens fossem evitadas, resultando numa economia de US$ 237 milhões

Cada unidade do equipamento de telepresença criado pela Cisco custa aproximadamente US$ 300 mil. "Esse é um grande empecilho para que a tecnologia seja difundida no País", afirma Guarini. No Brasil, apenas a Procter & Gamble usa o produto da Cisco. O mais habitual, e bem menos hi-tech, tem sido a implantação da telepresença com telas de LCD em salas de reuniões. O sistema permite ver a pessoa com quem se está falando sem a necessidade de tê-la pessoalmente no escritório. A grande vantagem do método é a economia, já que diminui sensivelmente o número de viagens nas empresas. Só na Cisco, cerca de 296 salas espalhadas ao redor do mundo possuem a tecnologia. Foram mais de 150 mil reuniões realizadas nesse esquema, o que garantiu que mais de 27,4 mil viagens de executivos fossem evitadas - uma redução de US$ 236,63 milhões para a companhia.

De olho na praticidade que o sistema proporciona, a família real britânica também se tornou usuária da telepresença em 3D. Convidado à cúpula World Future Energy Summit, nos Emirados Árabes, o príncipe Charles apareceu em uma projeção holográfica, enquanto cumpria outros encargos em Londres. Por enquanto, esse privilégio é só para os que estiverem dispostos a pagar caro por isso.
Fonte: ISTO É Dinheiro

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