Autor de bestseller norte-americano dá dicas simples para ficar empregado. Será que você concorda com elas?
Redação da CIO/EUA
Publicada em 11 de novembro de 2008 às 19h21
Conversei com Stephen Viscusi, autor de um novo livro chamado "Bulletproof Your Job: 4 Simple Strategies to Ride Out the Rough Times and Come Out on Top at Work". Viscusi é recrutador de executivos na cidade de Nova York e seu aconselhamento sobre carreira foi divulgado em toda a mídia, do New York Times ao New York Daily News.
Viscusi oferece uma receita clara para quem tem medo de perder o emprego durante a atual instabilidade econômica nos Estados Unidos. Ele orienta os funcionários a tomarem quatro medidas para garantir que não serão dispensados quando seus empregadores decidirem fazer uma demissão:
1. Ser humano. A coisa mais importante que os funcionários podem fazer para não serem despedidos é permitir que seus chefes os conheçam no nível pessoal, diz Viscusi. É vital desenvolver uma ligação estreita com o chefe porque fica mais difícil ele deixar você ir embora. É fácil para um chefe se livrar dos funcionários dos quais não gosta, mas complicado dizer adeus às pessoas com as quais ele realmente aprecia trabalhar.
Viscusi também recomenda contar ao chefe detalhes da sua vida pessoal que vão humanizar você ou despertar a compaixão dele. Se sua mulher ou seu marido perdeu o emprego recentemente, por exemplo, Viscusi sugere que você conte ao gerente. O mesmo conselho vale para problemas de saúde de um membro da família.
Pessoalmente, acho arriscada esta estratégia de sobrecarregar o chefe com seus infortúnios pessoais, mas Viscusi argumenta que na época de recessão é importante apelar para tudo, até mesmo despertar piedade. A idéia é que o gerente tem dificuldade para demitir funcionários que ele conhece bem e aprecia ou que estão passando por dificuldades pessoais, diz Viscusi.
2. Ser visível. Certifique-se de que sua organização e seu chefe estão bem informados sobre você, sobre seu trabalho e seu valor para a companhia. De acordo com Viscusi, se o chefe não conhece você, é indiferente ou não tem certeza da contribuição que você pode dar, você será um alvo de demissão bem mais fácil quando ele for encarregado de cortar funcionários. Viscusi recomenda aos funcionários várias maneiras de aumentar a visibilidade, tais como promover o trabalho que realizam, vestir-se de maneira mais elegante e profissional do que os colegas de trabalho e chegar antes do chefe e sair depois dele, nem que com uma diferença de apenas 10 minutos.
3. Ser fácil. Cortes compulsórios de pessoal dão aos gerentes a oportunidade de se livrar de funcionários por quem não nutrem simpatia pessoal ou que são difíceis de lidar. Estes funcionários trabalham arduamente e bem, mas às vezes se mostram resmungões, queixosos e fofoqueiros, falando mal dos colegas pelas costas.
“Os chefes são conhecidos por manterem os funcionários dos quais gostam em detrimento daqueles que desgostam, mesmo que estes últimos sejam mais qualificados”, alega Viscusi.
Portanto, se você é uma pessoa fácil de conviver no trabalho e dialogar, tem uma boa chance de se esquivar de uma bala.
4. Ser útil. Ir além das suas responsabilidades normais, seja assumindo trabalho extra ou orientando um funcionário recém-contratado, ajuda a demonstrar seu valor.
O que você acha do conselho de Viscusi?
Quanto mais penso no assunto, mais discordo de alguns pontos. Concordo que, se você não quiser ser demitido, tem que ir muito além de suas obrigações e ser uma pessoa de fácil convivência. Também concordo que ter um bom relacionamento com o chefe ajuda muito a manter seu cargo em segurança. Mas você não pode fabricar esta “química” com seu gerente.
Ou você tem ou não tem. Se tiver, provavelmente desenvolveu-a muito antes da estabilidade no emprego estar em questão. Da mesma forma, ou você é uma pessoa tranqüila por natureza ou é uma pessoa complexa.
Também acho má idéia contar ao chefe histórias emocionantes sobre sua vida pessoal com o objetivo de proteger o emprego. Dizem que tempos desesperados exigem medidas desesperadas, mas esta recomendação me parece manipuladora.
Na verdade, creio que a maioria dos gerentes não se sentiria bem ao ser colocado nesta posição. Não me interprete mal: entendo a necessidade de mencionar problemas familiares para o chefe quando eles acontecem. No ano passado minha mãe ficou dois meses de cama por causa de problemas na coluna. Sem dúvida, contei ao meu chefe. Mas não falei para angariar pena ou compaixão. Simplesmente quis explicar por que às vezes me ausentava do trabalho.
A recomendação que mais me incomoda é chegar no trabalho antes do chefe e sair depois dele, dando a impressão de que você está engajado e trabalhando além da hora. É um conselho muito cínico. Viscusi deve pensar que os gerentes são idiotas. Espero que os gerentes não se deixem enganar por estas táticas ardilosas e desonestas.
A orientação de fazer o chefe pensar que você está trabalhando pesado e além da hora quando na verdade não está é um desserviço aos profissionais honestos e trabalhadores. É um indicativo de falta total de fé nas pessoas e no funcionamento do mundo dos negócios. Implica que trabalhar duro não importa, basta a ilusão de fazê-lo; que o intelecto, o trabalho ético e o caráter de um funcionário não importam.
Tudo que importa para sobreviver no emprego é aparência e percepção, fumaça e espelhos. Sou uma das pessoas mais pessimistas do mundo, mas nem mesmo eu quero acreditar nisso.
Você acredita que precisa ser manipulador e fraudulento para sobreviver na economia atual? Me diga o que pensa.
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