Por: Giulia Santos Camillo
16/02/09 - 18h51
InfoMoney
SÃO PAULO - Para a retomada das negociações, R$ 18 reais seria o piso. A ideia de André Gordon, sócio-gestor da GT Investimentos, é compartilhada por muitos que negociaram as ações ordinárias da Positivo Informática (POSI3) nesta segunda-feira (16), impulsionados pelas especulações de que a empresa estaria novamente na mira da Lenovo ou mesmo da Dell. O salto dado pelos papéis é prova disso.
O motivo principal para esta suposição é o fato de que, em dezembro do ano passado, os controladores da Positivo recusaram uma proposta de aquisição feita pela chinesa Lenovo, no montante de R$ 18,00 por ação. Para eles, o valor justo ficava entre R$ 25 e R$ 30 por papel.
O que dizem
De acordo com a analista de tecnologia da Link Investimentos, Maria Tereza Azevedo, há especulações tanto de que a Lenovo teria aumentado a oferta para R$ 31 por papel, quanto de que a Dell teria feito uma proposta nesta sessão, de R$ 28 por ação. As duas opções apresentam um upside considerável em relação ao preço atual. "Mas é especulação", enfatiza.
Avaliando as duas opções, Maria Tereza considera que uma oferta da Lenovo faria mais sentido, já que a empresa tem registrado resultados fracos e tem mostrado foco nos mercados emergentes. Porém, um pagamento de R$ 31 por ação em um momento de crise e com a queda dos lucros não parece algo realista.
Ajuste do preço
Ainda assim, a indicação é de que o ativo vale mais do que o preço atual. Segundo André Gordon, "se você entende que a Lenovo, que é uma empresa experiente, tem acordo com a IBM, pagaria R$ 18,00 por ação e que os controladores da empresa querem mais, você vê que o papel vale muito mais" do que os R$ 5,20 do fechamento da última sexta-feira (13).
Considerando como provável uma venda da Positivo por um preço bem acima do atual, um outro ponto interessante aos investidores é o tag along de 100% da empresa, o que significa que os acionistas minoritários recebem o total do valor pago pelas ações integrantes do bloco de controle.
Na verdade, para o gestor, o movimento é um ajuste do preço dos papéis, que estavam muito baratos frente à atratividade do ativo, levando em consideração seu posicionamento estratégico no mercado brasileiro. Afinal, é um mercado de consumo crescente, principalmente no que se refere às classes mais baixas, e de difícil acesso a players que querem começar do zero.
Nada concreto, mas...
Na avaliação da André Gordon, a Positivo tem uma situação privilegiada justamente por seu posicionamento. Qualquer multinacional que queira começar já com uma participação significativa no crescente mercado brasileiro deve considerar a aquisição da empresa.
E, lembrando que o Brasil atualmente detém uma posição bem melhor do que a média global, o gestor afirma que não seria surpreendente que as multinacionais começassem a procurar formas de entrar no mercado interno. "Eventualmente, isso irá acontecer", declara.
Os problemas de uma transação
Assim como aconteceu no ano passado, quando começaram os rumores de uma possível venda da Positivo para uma rival internacional, os analistas se voltam para o problema da poison pill da empresa. Porém, de acordo com a analista da Link, em conversa com a empresa, os controladores informaram que há uma forma de driblar a cláusula.
"Eles fechariam o capital da empresa e depois venderiam para a ofertante", afirma Maria Tereza. Segundo ela, mesmo a partir desse processo, os acionistas minoritários devem receber o mesmo valor que o bloco de controle.
Atenção com a ascensão do papel
Embora os analistas desaconselhem manter posição vendida do papel devido à alta possibilidade de que a venda realmente ocorra, a posição comprada também traz alguns perigos e sugere atenção.
A disparada vista nesta sessão é semelhante ao que aconteceu no ano passado, quando entre as especulações de venda e a recusa da oferta da Lenovo, o papel saiu de R$ 4,75 para R$ 11,04, tendo voltado ao patamar dos R$ 6,90 no período de um mês.
Positivo desaconselha investimento especulativo
Após o fechamento da BM&F Bovespa, a Positivo emitiu nota oficial negando a existência de qualquer negociação em curso para venda do controle da companhia, dizendo que tais especulações "são totalmente infundadas".
"A Diretoria de Relações com Investidores (...) reporta que não obteve confirmação de qualquer negociação em curso que sustente as especulações mencionadas", diz o comunicado.
A Positivo ainda recomenda que acionistas "não tomem qualquer decisão de investimento com base nessas especulações".
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