sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Como o CIO pode alcançar uma posição no board

Muitos profissionais querem entrar no board de organizações para aprimorar suas habilidades, mas é preciso estar preparado

Carrie Matheus, CIO (EUA)
Publicada em 08 de janeiro de 2009 às 19h04


Os CIOs estão cada vez mais ansiosos para usar o conhecimento sobre estratégia de negócio e governança unindo-se ao board de diretores das companhias. Suas razões – pessoais, profissionais e os benefícios para as companhias – são bem fundadas, de acordo com TK Kerstetter, presidente e CEO da Board Member, que publica a revista Corporate Board Member.
Para os CIOs, “não há melhor treinamento que prestar serviço ao board para entender todos os desafios que um negócio deve superar e ainda aprender sobre outras indústrias”, diz ele. “Assim eles podem levar esse conhecimento de volta ao emprego regular.”

Foi assim com Jeff Steinhorn, CIO da companhia de energia de US$ 31 bilhões chamada Hess. Steinhorn está no board de duas universidades. “Estar nesses boards abriu uma nova rede de contatos – meus colegas são CEOs, CFOs, sócios de firmas de consultorias e outros líderes de negócio”, diz ele. Esses contatos têm sido uma fonte valiosa para Steinhorn. Sua relação com o board ainda pagou dividendos ao facilitar o recrutamento de talentos. “Os professores sabem quem eu sou e geralmente entram em contato comigo e indicam seus melhores alunos para vagas de emprego”, diz ele.

Mas estar no board não é só bonança para CIOs e suas companhias. Também pode ser desapontante e um dreno de experiências, caso o CIO não entre com expectativas claras e realistas. Os membros do Conselho Executivo de CIOs participaram de uma pesquisa em agosto de 2008 sobre a experiência em boards, que dá um bom panorama de como foi e o que é necessário saber para entrar em um.

A decisão de se juntar ao board e sua satisfação em relação à experiência, depende de dois fatores fundamentalmente: sua paixão pela missão da organização e o tempo hábil para se comprometer com ela.

A maioria dos CIOs não está preparada para o tempo e energia que esse tipo de compromisso consome. Sessenta por cento dos respondentes da pesquisa reclama que esse serviço é muito desgastante. Tim Young, vice-presidente de TI da Bright Horizons Family Solutions, tornou sua posição de direção em uma escola católica privada em New Hampshire uma prioridade. “Levei muito a sério e queria me certificar que poderia me doar 150%”, diz Young.

Na média, os CIOs gastam 18 horas por board por trimestre, incluindo reuniões, tempo de viagem e preparação, de acordo com a pesquisa. Monsour gasta de 80 a 100 horas por trimestre em seus quatro boards. Ele sente que a questão do tempo complica um pouco mais em fim de ano fiscal, quando deve assinar muitos documentos para muitas organizações que estão geograficamente distantes.

Estruture seu conhecimento de negócio

Os CIOs levam tanto o conhecimento tecnológico como liderança estratégica de negócio à mesa. Yound descobriu que apresentar um caso de negócio publicamente é uma ótima forma de demonstrar que um CIO é mais que um especialista em tecnologia. Em verdade, flexibilizar a idéia que os diretores têm de CIO é o maior incentivo para os profissionais buscarem participar de boards, seguido da oportunidade de ganhar exposição no mais alto nível das corporações.

Ainda, a percepção do board do papel do CIO pode ser diferente da visão do profissional sobre seu potencial. Michelle Beveridge, CIO da IDP Education e diretora de quatro boards, teve que ensinar como os demais poderiam usar suas habilidades. “Eu constantemente enfatizo para os outros diretores que eu sou uma chief information officer, e não uma chief technology officer, e que a informação pode ser financeira, contábil ou de estratégia de negócio”, diz ela. Um quarto dos respondentes reclamou que o board subutiliza suas habilidades e envolvimento.

Seja o governante, não o gerente

Outro ajuste que você provavelmente terá que fazer como diretor é mudar de uma postura prática para uma de governança. Essa não é uma grande frustração, de acordo com Butch Leonardson, VP sênior e CIO da BECU. “Sei que posso fazer as tarefas, mas no final das contas, não é minha função”, diz ele. “Tenho que lembrar que minha função como diretor é de governança e não gerenciamento.”

A despeito dos desafios, Kerstetter está confiante no aumento da participação de CIOs em boards externos, ainda mais se são nomeados pelo time de gerenciamento dos seus CEOs. Tecnologia é claramente uma estratégia competitiva dos negócios nas organizações, diz ele, e ter esse conhecimento na sala do board é fundamental.

Como conseguir uma posição no board

Para aqueces CIOs que buscam essa posição, existem várias formas de obtê-la.

Rede de contatos pessoal: É a melhor forma de encontrar oportunidades de assento em boards, de acordo com a pesquisa. Bitch Leonardson, VP sênior e CIO da BECU, está em dois boards. Em ambos os casos ele foi indicado por contatos pessoais.

“Uma vez no board, seu nome estará em relatórios anuais e em outros documentos”, aponta Leonardson. “Passa a fazer parte da lista de boards, o que trará novas oportunidades”.

Firmas de caça-executivos: A CIO da IDP Education, Michelle Beverige usou uma empresa de caça talentos para ser indicada ao board, uma prática comum na Austrália onde ela vive. A firma a colocou na posição de diretora remunerada no Centro da Mulher Historical Queen Victoria, um organismo governamental em que tem trabalhado pelos últimos dois anos.

Para Kerry Moynihan, diretor executivo da empresa de recrutamento ZRG, o momento econômico difícil pode ser uma ótima chance para CIOs se alçarem a esses postos.

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