De acordo com o CIO da instituição financeira, esse novo modelo reduziu o conflito entre as equipes, ao mesmo tempo em que melhorou a gestão de demandas e de investimentos
Tatiana Americano, da CIO Brasil
Publicada em 11 de agosto de 2009 às 11h15
Enquanto prepara o planejamento estratégico de TI do Banco Matone – uma das mais tradicionais instituições financeiras do Rio Grande do Sul –, o CIO do grupo, Guilherme Lessa, estuda a possibilidade de implementar uma quinta gerência dentro do departamento de tecnologia da informação, voltada a cuidar dos projetos ligados à colaboração.
“Ainda estamos no começo das discussões, mas a ideia é ter uma área que controle desde o uso dos wikis (portais colaborativos), fóruns de discussão e mensagens instantâneas até gestão de documentos”, conta Lessa. Segundo ele, a criação da área representa uma das prioridades do plano trianual (de 2009 a 2011) da companhia.
A gerência de colaboração, no entanto, significa apenas um detalhe se comparada à reviravolta que Lessa tem promovido em seu departamento, desde 2007, quando adotou um novo modelo de governança de tecnologia da informação. O CIO conta que, após ler um estudo sobre gestão do portfólio de TI, escrito pelo pesquisador do MIT (Massachussets Institute of Technology) Peter Weill, implementou o modelo sugerido pelo especialista e que prevê a separação das atividades estratégicas e operacionais do departamento de tecnologia.
Na prática, o CIO dividiu toda a TI do Banco Matone em quatro grandes áreas - duas delas operacionais (infraestrutura e transacional) e duas estratégicas (portfólio informacional e portfólio estratégico) -, com equipes e gerências independentes, que se reportam a Lessa, bem como com orçamentos específicos.
“A grande sacada desse modelo é a criação da área do portfólio informacional, que trabalha com a extração do conhecimento para a tomada de decisão”, cita Lessa, que acrescenta: “e diferente do transacional, que está preocupado em usar melhor os sistemas e reduzir custos, esses profissionais são orientados a encontrar formas de gerar valor ao negócio.”
Ainda de acordo com o CIO, a implementação dessa área ajudou a acabar com um problema bastante comum para as equipes de tecnologia: achar que quando a transação vira uma informação ela deixa de ser uma responsabilidade da TI. “Hoje, além de sermos guardiões do sistemas, cuidamos também do conteúdo deles”, define o executivo, ao afirmar que os profissionais que trabalham com o portfólio informacional têm um relacionamento direto com o board (grupo de líderes) do Banco Matone.
Outro pilar fundamental para o novo modelo de TI, ressalta Lessa, é a área responsável pelo portfólio estratégico e que atua com a missão identificar oportunidades no mercado e traduzi-las para as demandas internas da companhia. “Por exemplo, eles estão fazendo um estudo sobre o uso de ferramentas no modelo de computação em nuvem”, explica o CIO, ao afirmar que, basicamente, essa equipe traduz tendências tecnológicas para uma linguagem de negócios e que faça sentido para a estratégia de curto, médio e longo prazos da companhia.
Melhor gestão
Quanto aos resultados obtidos com esse novo modelo de TI, Lessa afirma que um dos principais ganhos veio com a melhor administração das demandas e com a gestão mais adequada dos investimentos em tecnologia. O executivo acrescenta que outro benefício direto foi aumentar a visibilidade de sua área e da importância dela para a companhia. “Quando as pessoas entendem que o profissional que cuida de questões estratégicas de tecnologia não é mais aquele mesmo que estava preocupado com a infraestrutura e em apagar incêndio muda completamente a relação”, conclui.
Também como resultado direto do modelo, o executivo conta que, como CIO, passou a gerenciar um número menor de conflitos entre sua própria equipe. Isso porque, de acordo com o executivo, quando o resultado de uma das quatro áreas de TI depende de outra, os gerentes têm de resolver os problemas imediatamente quando eles acontecem.
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