quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Brasil começa a fabricar chips para smart card ainda em 2010

Componente será entregue pela HT Micron, primeira indústria nacional de semicondutores, que prepara investimentos de US$ 200 milhões.

Por Edileuza Soares, da Computerworld

A cidade de São Leopoldo (RS) receberá a primeira fábrica para produção de chips em larga escala do Brasil. Trata-se de uma iniciativa comandada pela HT Micron - joint venture entre a sul-coreana Hana Micron e a brasileira Altus Sistemas. As expectativas são de que a operação entre em funcionamento até o final de 2011, porém, a empresa pretende lançar o primeiro produto no mercado nacional nos próximos três a quatro meses, por meio de uma fabricante terceirizada.

Segundo o CEO da HT Micron, Ricardo Felizzola, o primeiro produto a ser fornecido para o mercado serão chips para smart cards, componentes que ainda não têm produção local. “Estamos imaginando a entrega desse produto entre dezembro deste ano e janeiro de 2011”, diz o executivo, que também atua como presidente do conselho diretor da Altus.

Para acelerar a produção, ele informa que a companhia está firmando um contrato de manufatura terceirizada com a Teicon, fábrica ligada à Altus. “Vamos começar a pré-operação nesse modelo, enquanto esperamos o processo industrial da HT Micron”, conta o executivo.

A nova fábrica atuará no encapsulamento e teste de semicondutores, que consiste na ligação dos circuitos internos dos componentes com outras conexões do produto. Enquanto que a produção e o design das wafers utilizadas pela HT Micron será responsabilidade do Centro Nacional em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), implementado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia.

Além de chips para smart cards, Felizzola informa que a fábrica brasileira de semicondutores vai produzir módulos de memória RAM para notebooks e PCs, memórias flash como cartões tipo USB e SD, smart cards, circuitos integrados para celulares, TV Digital, set top box, TV LCD e automação.

“Atualmente, quase 100% dos componentes que o Brasil consome são importados, motivo pelo qual estamos com déficit na balança comercial”, acrescenta Rosana Casais, diretora da HT Micron. Ela observa que o País até faz projetos de chips, mas a produção é realizada por manufaturas no exterior. Enquanto que, na área de encapsulamento, há uma operação pequena realizada pela Smart Modular Technologies.

Investimentos de US$ 200 milhões

A HT Micron é uma joint venture formada no final do ano passado entre a fabricante sul-coreana de semicondutores Hana Micron e a empresa brasileira Altus Sistemas, que desenvolve soluções de automação e controle de processos industriais. Ambos os sócios detêm 50% de participação acionária da nova fábrica, que exigirá um aporte de 200 milhões de dólares nos próximos cinco anos.


Para iniciar a implementação da HT Micron, os investidores aguardam um financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Como somos uma empresa de capital misto, com sócios brasileiros e coreanos, estamos tendo que nos adaptar para fazer esse tipo de operação com o BNDES", relata o CEO.

A fábrica da HT Micro vai funcionar no Parque Tecnológico São Leopoldo (Tecnosinos) da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul. Segundo Felizzola, o local foi escolhido pela facilidade de encontrar mão de obra especializada e por questões logísticas.

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